RAIZEIROS: SABERES, PRÁTICAS INTEGRATIVAS E RELIGIOSIDADES NA COMUNIDADE QUILOMBOLA CUSTANEIRA.
Antropologia cultural; Sociedade e cultura; Sócio-ambiental; Conhecimento tradicional; Patrimônio cultural.
A busca por alternativas de sobrevivência acompanha a humanidade há séculos,
incluindo práticas voltadas à saúde por meio da natureza. Desde os povos indígenas, o
uso de plantas para fins terapêuticos é recorrente e integra um saber tradicional que
resiste ao tempo. O presente estudo aborda o papel dos raizeiros da comunidade
quilombola Custaneira, no interior do Piauí, como agentes essenciais nesse processo,
reconhecidos por seus conhecimentos sobre as propriedades medicinais das plantas,
adquiridos e transmitidos oralmente entre gerações. A compreensão desses saberes
requer um distanciamento das oposições impostas pela medicina hegemônica, órgãos de
saúde e, por vezes, pelos próprios detentores desses conhecimentos. Os raizeiros
desempenham um papel relevante na resolução de males físicos e espirituais, sendo
figuras de referência em suas comunidades. O estudo insere-se em uma abordagem
interdisciplinar que valoriza o contexto sociocultural e ambiental dessas práticas,
reforçando a importância da preservação do patrimônio imaterial. A pesquisa utilizou
métodos bibliográficos, documentais e a pesquisa-participante, permitindo uma imersão
mais significativa na realidade local. As práticas populares em saúde observadas
revelam a complexa articulação entre cultura, meio ambiente e espiritualidade. Ao
considerar os saberes tradicionais como elementos legítimos de cuidado, reforça-se a
necessidade de valorização cultural e identitária das comunidades tradicionais como a
Custaneira.