TERRA, TRABALHO E IDENTIDADES CAMPONESAS: Assentamento Vale da Esperança e a luta pela terra (2000-2024)
Assentamentos rurais; Política Pública de Reforma Agrária; Interdisciplinaridade; Agroecologia; Movimento Sem Terra.
A presente pesquisa analisa as transformações sociais, econômicas e políticas que o acesso à terra gerou para as famílias do Projeto de Assentamento Vale da Esperança, localizado na Zona Rural Sudeste de Teresina-PI. O campo empírico da pesquisa, PA Vale da Esperança, é fruto da ocupação de terras organizada pelo Movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no ano de 2003, a primeira ocupação massiva do movimento na capital do Piauí. O assentamento foi constituído no ano de 2006 por meio da desapropriação por interesse social da Fazenda Santa Isabel, de propriedade da Empresa Francisco das Chagas Pereira Vieira e Cia. LTDA. O trabalho evidencia os entraves enfrentados pelas famílias durante o processo de luta pelo acesso à terra e após a criação do assentamento, destacando as estratégias de reprodução social e econômica desempenhadas pelos sujeitos, e como estes fatores possibilitaram a construção do pertencimento junto ao território. Para a realização do estudo, foram utilizadas fontes orais, bibliográficas (Martins, 1980), (Fernandes 1999), (Prado Jr. 1981), (Stédile, 1991), (Caldart, 2000), Abramovay (1985), (Scherer-Warren (2012) (Chayanov, 1974), (Shanin, 1979), (Medeiros, 2003), (Neves, 2009), (Simonetti, 1999), (Wanderlei, 2004), (Neves 2009), (Caporal e Costabeber 2004), (Morin, 1999), (Altieri, 2006), Scott (1985) e documentais (memorial descritivo da Fazenda Santa Isabel, Relatório do Comitê de Decisão Regional - CDR com detalhes da propriedade ocupada, documento de Imissão de Posse, documento de estudo da desapropriação, Atas de reunião da Associação de Trabalhadores e Trabalhadores Rurais do Assentamento Vale da Esperança-ATRAVE) articuladas a uma abordagem qualitativa e quantitativa. Os principais instrumentos metodológicos envolveram a aplicação de questionários fechados com 66 famílias residentes no assentamento e a realização de 10 entrevistas semiestruturadas como técnica, dentro da metodologia da história oral, para resgatar as memórias, vivências e protagonismo dos sujeitos da luta pela terra. A pesquisa está fundamentada em uma perspectiva interdisciplinar, dialogando com os campos do Serviço Social, Sociologia, História, Geografia, Antropologia e Agroecologia, a fim de compreender as múltiplas dimensões da questão agrária no Brasil, a luta pela terra, a organização camponesa, os impactos da política de reforma agrária e a construção de alternativas produtivas sustentáveis para a agricultura familiar.